No nada há tanto
Afasto-me devagar, temo que reparem em mim. Deixei o eu que sabe fingir, o eu que está sempre disposto a fingir, sempre a disfarçar, esse ficou em casa hoje.
Percebi a falta que ele me faz ,mas acima de tudo percebi que devia ser mais eu.
Muitos não iam encontrar em mim tudo o que desejam , aquela alegria contangiante nem sempre está presente.
Onde estás tu agora para me segurares as lágrimas?Não gosto de perder pouco a pouco algo que me pertenceu,não gosto de chorar.
Ali naquele espaço de tempo em que me consegui abrigar dos olhares indiscretos, das palavras que sistematicamente me roubam o silêncio, percebi a falta que me faz o silêncio.
Ali naquele vazio tentei encontrar-me, ali naquele vazio tentei encontrar as respostas, ali naquele espaço me perdi.
No nada quis saber de mim. No nada descobri muito, mas fiquei a saber pouco.
Agora sou eu, as lágrimas e as vossas perguntas sucessivas.
Um dia entenderão o bem e o mal que me faz o silêncio.