Cavalos no ar
Cor de vento.
Rasgos de sofrimento.
Saiem de mim partículas de esquecimento.
Soltam-se frases feitas e sorrisos inseguros.
As provocações enchem-me de força. Acompanham-me nesta escalada difícil.
Não me apetece cair.E não o vou fazer.
Perguntas-me o que vejo quando olho para as nuvens.
Mas não me perguntas o que sinto quando olho para ti. Nem sequer me chegas a perguntar o que vejo quando olho para ti.
Escondo isso para mim.Talvez seja preferível fazê-lo.
'Olha um cavalo!' - dizes.
Eu suspiro. 'Não vejo!'
Não entendes. Não percebes que não consigo ver o que desenhas no ar,se nem mesmo vejo o que desenho em mim.
Vejo riscos nas nuvens.Como se me quisessem deixar uma mensagem mas depois arrependidos a cortassem no ar.
Enquanto estamos aqui deitados na relva eu acredito em tudo,mesmo no que não vejo.
Perguntas-me no que penso.
'Será possível amar-te?'
Não respondes - não entendes.